O Dr. Ricardo Baroudi formou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em 1957. Durante a vida acadêmica e, mesmo após formado tinha inúmeros admiradores granjeados em suas aulas de embriologia. Grande desenhista tornou as explanações simples e de fácil entendimento. Suas aulas tinham enorme frequência de estudantes em preparo para vestibular, alunos da faculdade e ainda professores que procuravam aprimorar técnicas pedagógicas em matéria tão árida.
Talvez um pouco desapontado com práticas cirúrgicas da época que propunham operações muitas vezes mutilantes, movido por grande sensibilidade, sentiu-se atraído para cirurgia plástica. Nesta afã, graças a enormes esforços, frequentou e estagiou em serviços de diversos cirurgiões plásticos – nacionais e estrangeiros – aprendendo e desenvolvendo técnicas graças a talento natural e habilidades manuais que só os iluminados possuem. Desde então e até agora fez 597 apresentações – aulas, palestras a conferências – com grande capacidade de comunicação e didatismo inigualável, tanto em eventos nacionais como estrangeiros. Consta de seu currículo mais de 140 publicações em revistas nacionais e estrangeiras com variável, porém, sempre com grande impacto. Escreveu 12 capítulos em livros nacionais e estrangeiros e publicou um livro pontual sobre cirurgia do contorno corporal divulgando técnicas pessoais, manobras táticas que facilitam abordagem cirúrgica e cuidados com os pacientes.
Em 1969 criou o serviço de Cirurgia Plástica da Universidade de Campinas chefiando-o até 1973. É possível que neste interregno tenha compulsado os dados de sua tese de doutoramento defendida em 1976 com distinção.
Para se fixar no limite das palavras prescritas para um editorial é obrigatório resumir suas atividades associativas. Foi secretário e presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica dirigindo e presidindo diversos eventos aos quais o mais importante foi o Congresso Mundial realizado no Rio de Janeiro. Sem dúvida, seu maior feito foi assegurar a unidade da SBCP num período de grande turbulência quando grupos queriam se separar e criar outra Sociedade. Político hábil e com larga visão soube fazer concessões sem transgredir qualquer norma ética ou moral e assim manter a SBCP unificada.
Na SBCP entre suas grandes contribuições esta a Revista da SBCP. A partir de 2008 tornou-se editor da revista e com trabalho árduo conseguiu elevá-la de Lilac B para Scielo graças ao aumento do número de publicações, sem alargar as malhas da peneira, mas, estimulando a divulgação dos conhecimentos. Muitos tinham dificuldades na redação e encontraram no Dr. Ricardo Baroudi o esteio para elaboração dos seus trabalhos científicos. Com efeito, este respaldo aumentou, significativamente, a qualidade da revista que passou a ser publicada em inglês. Infelizmente, por autodeterminação, em 2015 deixou o cargo, mas, com justiça o Conselho Deliberativo concedeu-lhe o título de Patrono da Revista.
Atribui-se ao grande psiquiatra francês Charcot a afirmação que grande parte do sucesso do tratamento dependia do fator “transfert”, ou seja, o sentimento afetivo e respeitoso que o médico conseguia do seu paciente.
Sem dúvida o cirurgião plástico Ricardo Baroudi conseguiu este “transfert” com elegância tal que numa mesma família diversos membros de diferentes gerações, estiveram sob cuidados de suas doutas mãos culminando com os excelentes resultados obtidos. O exercício privativo da profissão coroou-lhe de êxitos com um número infindável de pacientes agradecidos pelos seus cuidadosos e maestria.
O homem Ricardo Baroudi descende de libaneses, daqueles que ajudaram a construir e desenvolver São Paulo. Graças a seus antecedentes sempre acreditou que sucesso e bem estar são decorrentes de trabalho árduo e disciplinado. O homem sobre o qual se discorre é uma figura gentil que sempre se dispões a ajudar os outros num clima de cordialidade e respeito.
Praza aos céus que o brilhantismo e energia desta figura ilustre sirva de estímulo a outros que ao tentarem igualar-se engrandecerão a comunidade de grandes cirurgiões plásticos e homens decentes.